A paralisação do Judiciário nunca se mostrou uma alternativa viável, pois gera danos de difícil reparação, com o adiamento da apreciação judicial das demandas dos cidadãos, com a suspensão dos prazos, audiências e julgamentos e em prejuízo de inúmeras medidas judiciais, muitas delas urgentes.
Desta vez não foi diferente, e milhares de cidadãos foram prejudicados pela paralisação dos serventuários da justiça.
Ainda que a greve tenha cessado em setembro de 2010, os advogados e demais cidadãos dependentes da máquina da justiça estão sentindo seus efeitos.
Apenas para ilustrar, segue publicação recebida pela AFO em 11 de novembro de 2010 cujo despacho do juiz de primeiro grau de uma das Varas Cíveis do Foro Regional de Vila Prudente expressa o tamanho da crise instaurada no sistema:
11/11/2010 – Página: 2164
DJE-1 INST-CAP
Fóruns Regionais e Distritais
IX – Vila Prudente Cível
Xª Vara Cível
Processo XXXXXXXXXX – Reintegração / Manutenção de Posse – Posse – XXXXXXX – XXXXXXXXX e outro – Vistos. Nesta data, face ao acúmulo de serviço, o qual não dei causa, pois os funcionários deste cartório estavam em greve desde 28 de abril a 02 de setembro de 2010, período em que estavam trabalhando no Cartório apenas 2 escreventes, 2 chefes, 1 diretor, e três estagiários, e estavam em andamento 7.167 processos. Aguarde-se manifestação do exequente, em termos de prosseguimento do feito, por mais 30 (trinta) dias, juntando aos autos o protocolo do encaminhamento do ofício à DRF. Decorrido o prazo e no silêncio, aguarde-se provocação no arquivo, dando-se baixa no movimento judiciário. Int. – XXXXXXX FLAVIA MARIA DECHECHI DE OLIVEIRA (OAB 229227/SP)
Conclui-se, portanto, que os quase cinco meses de paralisação continuam comprometendo o trabalho dos advogados, a preservação de direitos dos cidadãos, e acima de tudo o estado democrático de direito.